Do carvão ao objetos do nosso cotidiano
Devíamos saber mais sobre as condições de
produção do aço que origina nossas geladeiras, fogões e carros. Falar de
aço é falar de ferro-gusa, do qual provém. Falar de ferro-gusa é falar
de carvão, que serve de combustível e também para separar
o ferro, antes de virar aço. Falar de carvão é, no Brasil, lembrar da
situação de inúmeros trabalhadores, afetados nas condições mínimas de
exercício do seu labor.
Antes de dizermos que o consumo não tem nada a
ver com isto, devíamos pensar que o fluxo de bens que validamos como
desenvolvimento e crescimento económico e o fluxo das matérias primas
que tornam possíveis estes bens contam, ambos, uma história. São bens e
recursos que afirmam simbolicamente uns, mas que, também, depreciam e
invisibilizam outros. Há um problema sócio-ambiental que advém do ritmo do consumo, sim, mas há, também, outro problema que deriva da mecânica
de classificação social que a geopolítica do consumo alimenta.
Da história deste
fluxo (de produção do aço e dos bens de consumo a ele relacionados) participam não só pequenos negócios ilícitos, como os fornos
ilegais de carvão espalhados aqui e ali, mas também grandes corporações.
Nós devíamos, mesmo, pensar nos processos que dão origem aos nossos
carros, fogões e geladeiras. Não para acionar mecanismos de culpa, mas
para entender do que são feitas as coisas que polvilham o nosso
cotidiano. Precisamos discutir seriamente o tal brilho das mercadorias,
bem como o discurso institucional de bom-mocismo que, vez por outra,
ajudamos a validar.
Segue abaixo uma matéria que me fez pensar sobre estas coisas hoje:
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- http://perolanews.com.br/noticias/ladario/mmx-e-notificada-pelo-mptms-por-causa-de-trabalho-degradante-em-carvoaria
- http://www.meionorte.com/noticias/economia/carros/brasileiro-compra-mais-carro-e-producao-fechou-no-maior-nivel-em-24-anos-com-crescimento-de-24-4-122274.html
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