Conversa na Palas Athena, em SP

Os valores que consolidamos, 
a violência que não vemos: 
debatendo o consumo como prática cotidiana


Data: 3/05/2011
Horário: 19h

Resumo:

Na condição de alavanca do capitalismo como civilização, o consumo constitui um sistema de classificação social. Presos a uma teia de significados construídos e validados socialmente, buscamos pertencimento e diferenciação a partir do mundo dos bens. Por meio deles, não só entabulamos relações, como também comunicamos quem somos e qual o espaço social que queremos conquistar.  

Mesmo considerando que a cultura de consumo não seja prerrogativa do contemporâneo e que outros sistemas simbólicos igualmente alicercem composições hierárquicas, não há como negar que o consumo, como fenômeno social, banaliza e acelera a busca por status e posições de destaque; causa estranhamento quando alguém não o faz. Neste sentido, muitos debates sobre consumo apostam na racionalidade das escolhas e na consciência como forma de contenção dos excessos. Uma questão aqui se coloca: se é fato que os afetos nos determinam na busca da preservação da potência, como diria Nietzsche, também é fato que nossos afetos estão colonizados. Desde o inconsciente. O desejo não é terreno fresco. Há marcas de pés nele. Daí a pergunta: serve mesmo o consumo para pensar?

A fim de enriquecer este debate, a palestra em questão tem por objetivo conduzir uma reflexão crítica sobre as relações entre consumo e identidade, buscando lançar luz sobre o desejo de distinção dos indivíduos, bem como sobre a estratificação social que este processo fomenta. O corpo, neste caso, se revela como o lugar por excelência para comunicar os valores dominantes em uma sociedade. Não só os valores dominantes, mas também, é claro, as tentativas de transgressão ao processo de colonização do desejo e de enquadramento social. No desenrolar da vida cotidiana, este corpo se defronta com seus ritos, muitas vezes banalizados pelos signos espetaculares do consumo. Lamentavelmente, o corpo que busca distinção e pertencimento nem sempre se dá conta de como o mercado se apropria da compreensão destes ritos e sobre eles intervém.

A presente palestra procurará suscitar uma análise mais profunda dos pilares que ancoram o consumo como prática social, refletindo sobre os desdobramentos sócio-políticos e econômicos do mercado capitalista global. Como veremos, a questão não se resume à decisão pretensamente racional de comprar ou não comprar. Há outros agenciamentos em curso, acionados pela globalização hegemônica. Parece-nos que só outra concepção de consumo pode modificar a “composição genética” do conceito de mercado. Urge uma epistemologia alternativa do consumo. Com esta palestra, julgamos lançar algumas sementes para suscitar, na assistência, um desejo pela sua oportuna eclosão.



Programa:

  1. Como comunicamos valores e nos relacionamos a partir do mundo dos bens 
  2. Consumo, identidade e distinção social: os bens como passaporte para o sentimento de pertença
  3. Inconsciente colonizado: desejo e mediação social dos objetos
  4. Consumo, banalização de ritos e espetacularização das experiências sociais
  5. Corpo como espaço narrativo: as intervenções como dominação, espaço de luta ou transgressão
  6. Desdobramentos sócio-políticos e econômicos do mercado capitalista global
  7. Serve mesmo o consumo para pensar? Em busca de um “pensamento alternativo de alternativas”.


Comentários

  1. Oi, Luc Luc.
    Adorei o blog! E fiquei muito interessada nessa conversa no Palas Athena. Busquei mais informação no site deles, mas não achei... você sabe onde encontro?
    Temos que conversar pra trocar umas ideias!
    Beijos, saudades.
    Alyne

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