Divisão internacional do trabalho

O mercado de celulares e portáteis tecnológicos ilustra bem a descartabilidade típica da sociedade de consumo. Como disse Mészáros, o capital não consegue se realizar sem apelar para a tendência decrescente do valor de uso. Quem dita as regras é o valor de troca, onde se dá a "valorização do valor". 

Enquanto a roda da produção de celulares gira incessantemente,  o comércio invisível dos minérios necessários aos produtos tecnólogicos alimenta guerras civis e funda as bases de uma divisão internacional do trabalho. Enquanto celulares de luxo podem atingir o patamar dos 40 mil euros, o operário chinês da linha de montagem de um ipod ganhava anualmente cerca de 1540 dólares. Sim, 1540 dólares por ano. Pode ser que este valor tenha se modificado A julgar que um ipod na China custa em torno de US$ 179,84, um mês de trabalho não dá pra comprar um dos ipods que o operário chinês montou em menos de uma hora. Por mês, numa estimativa, o operário chinês ganha cerca de US$ 129. Em contrapartida, o colega americano que planeja o mesmo ipod ganha em torno de US$ 85.000 por ano - o que dá cerca de US$ 7084 por mês. Dá pra comprar ipods a perder de vista.

Agora imagina se o operário chinês trabalhasse numa maquiladora que montasse relógios de luxo Aesir, que custam a bagatela de 42 mil euros (foto abaixo). Quantas encarnações seriam necessárias para colocar a preciosidade no pulso?



Veja mais sobre esta questão do salário em: Taciro e MKanno (2009). "O ipod e a globalização". Infográfico. Guia do Estudante, Dossiê Água, 9:18-23.

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